A cultura é um fenômeno que retrata os grupos sociais, tanto no nível particular como no coletivo. Abrange diversas concepções, que tratam em síntese da vivência humana. Designa tudo o que, numa sociedade, é adquirido, aprendido e pode ser transmitido (Birou, 1982, p.98). O ser humano é um ser social, e por isso cultural, sendo agente ambivalente de recebimento e transmissão de conhecimentos.
A Geografia é uma das Ciências Humanas que estuda a “cultura”, através do seu subtema Geografia Cultural. Esta abordagem cultural se impôs à Geografia Humana na primeira metade do século XX, herdada da modernização da Geografia Cultural. Onde literalmente os geógrafos deixaram de considerar-se naturalista (Claval, 2001).
Apesar de todas essa transformações a Geografia Cultural passou por um período de críticas, principalmente pelo ponto de vista norte-americano, considerada radical na época. Seu ressurgimento ocorreu após as renovações das abordagens estrutural e temáticas, tanto nos Estados Unidos como na Europa.
O ressurgimento da Geografia Cultural se faz num contexto pós-positivista e vem da consciência de que a cultura reflete e condiciona a diversidade da organização espacial e sua dinâmica. A dimensão cultural torna-se necessária para a compreensão do mundo (Corrêa; 1999, p.51).
Estudar o homem e suas relações sociais com o universo desde o meio que ele vive até fatores que o influenciam externamente. Apontando a cultura como reflexo e condição social influenciada pelo materialismo histórico e dialético
(Corrêa, 1999, p. 52).
Cultura foi definida no primeiro número da Revista Geographie et Cultures (1992) em Paris como:
* como o ‘conjunto de técnicas, atitudes, idéias e valores, apresentado assim, componentes materiais, sociais, intelectuais e simbólicos’;
* transmitido e inventado;
* não sendo constituído pela ‘justaposição de traços independentes’ mas, ao contrário, seus componentes formam sistemas de relações mais ou menos coerentes;
* não sendo assimilado igualmente pelos membros de uma sociedade;
* vivido individualmente.
Dada a importância da cultura na formação do homem, nas universidades, todos os cursos precisam cuidar deste aspecto. A Geografia tem muito a oferecer a todos.
Trindade e Pringensi (2002) já apontavam que a produção do conhecimento em Universidades são responsáveis pelo conhecimento cultural individual, resultante do contexto histórico e sócio-cultural de cada um. E que graças a uma economia globalizada, algumas instituições esquecem de introduzir fatores epistemológico importantes para a formação cultural, para abordar a produção de conhecimentos condicionantes, que favorecem a formação de competidores no mercado de trabalho. As Universidades têm que deixar de serem formadoras de competidores para o mercado de trabalho, para formar grandes pesquisadores que auxiliem ao desenvolvimento do país, além de grandes competidores
As Universidades que buscarem produzir grandes talentos e que permitam que estes se desenvolvam, estarão em destaque entre as aquisições competitivas entre as diversas Universidades Brasileiras (Trindade; Prigensi, 2002).
Nesse contexto, a Universidade desempenha relevante papel, pois atua como agente de formação cultural. Além da capacitação profissional, o ambiente acadêmico deve propiciar aos universitários o exercício da reflexão e a busca do saber, promovendo o estabelecimento de novos conceitos e conhecimentos (Machado, 2001).
(1) Geógrafa,
Geógrafa, formada no ano de 2008 pela Universidade Camilo Castelo Branco.
Referências:
Birou, A. (1982). Dicionário das Ciências Sociais. (5ª ed.). Lisboa: Dom Quixote.
Claval, P. O papel da Nova Geografia Cultural na Compreensão da ação Humana. In Rosendahl, Z.; Corrêa, R. L.. Matrizes da Geografia Cultural. EdUERJ: Rio de Janeiro, 2001.
Corrêa, R. L.. Geografia Cultural: Passado e Futuro: uma introdução. In Rosendahl, Z.; Corrêa, R. L.. Manifestações da Cultura no Espaço. EdUERJ: Rio de Janeiro, 1999.
Machado, N.J. (2001). A Universidade e a organização do conhecimento: a rede, o tácito, a dádiva. Disponível em:
sci_arttext&tlng=en>. Acesso em 28 de julho de 2008.
TRINDADE, J. C. S.; PRIGENZI, L. S.. Instituições Universitárias e Produção do Conhecimento. Disponível em:
Um comentário:
Nossa Nilza, muito bom seu artigo! Quando fui ler percebi que poderia ser aplicado em sala de aula para uma visão dos alunos com relação ao acesso a universidade, acabei conseguindo resultados positivos com os alunos da escola que dou aula. Mudaram a concepção de Geografia baseada só no que eles sabem superficialmente, abriram leques de idéias nas matérias que abordam serem agentes culturais.
Postar um comentário