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segunda-feira, 17 de maio de 2010



COMEMORAÇÃO DO DIA DO GEÓGRAFO
CURSO DE LICENCIATURA E BACHARELADO EM GEOGRAFIA FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ


No dia 21 de maio, próxima sexta-feira, às 20h, no auditório da FAFIL, o curso de Geografia da Fundação Santo André comemorará o Dia do Geógrafo, discutindo a Condição Atual do Mercado de Trabalho para os Formados em Geografia na Região Metropolitana de São Paulo.

A mesa contará com a participação dos seguintes profissionais formados no nosso curso:
ALEX HONÓRIO LIMA (formado em 2006)

FABIANA SOUZA FERREIRA (formada em 2006)

TIAGO PEREIRA RODRIGUES (formado em 2008)

TULIUS DIAS NERY (formado em 2006)

COLEGIADO DE GEOGRAFIA

CECÍLIA CARDOSO TEIXEIRA DE ALMEIDA

CLÉZIO SANTOS

FLÁVIA ULIAN

GLAUCO ZEGNA

JOSÉ MARIANO CACCI GOUVEIA

MARIA GLÓRIA DA SILVA CASTRO (coordenação)



terça-feira, 4 de maio de 2010



Aziz Ab'Sáber luta para preservar sua obra

Morador da Granja Viana, o mais premiado geógrafo brasileiro está doando à Brasiliana quadros e mapas do território nacional feitos com imagens de satélite




Durante os 15 primeiros dias de abril, Aziz Ab"Sáber, o mais premiado geógrafo brasileiro, atravessou repetidas vezes uma mesma estrada, sempre à noite, dentro do câmpus da Universidade de São Paulo (USP) no Butantã, zona oeste. A bordo de sua velha Parati, percorria os 500 metros que separam o Instituto de Estudos Aplicados (IEA) e o laboratório da futura Biblioteca Brasiliana, carregando no porta-malas imagens de satélite emolduradas em ferro, únicos registros fotográficos do Projeto Floram, do qual participou. As quase solitárias incursões noturnas - um motorista o ajudou no transporte dos 28 quadros, que estavam encostados num depósito do IEA - explicam o momento vivido pelo geógrafo. Com mais de 400 trabalhos acadêmicos publicados até hoje, aos 85 anos ele luta para preservar sua obra.
Quando soube do paradeiro das imagens do mais ambicioso plano de reflorestamento brasileiro - cada uma com 1,5 metro de comprimento por 1 metro de largura, que decoraram as paredes do IEA entre 1995 e 2009 -, o geógrafo, morador da região metropolitana de São Paulo há 70 anos, percebeu que, se quisesse evitar que se perdessem, deveria agir. Entrou em contato com a direção da Brasiliana e disse que doaria, além dos quadros, 30 livros originais do Projeto Floram, preparou a Parati e avisou a mulher que não se preocupasse. Em alguns dias daquelas semanas, chegaria mais tarde em casa.
"Não é que iam jogar fora; nem foi assim tão desrespeitoso. Isso acontece em universidades públicas: de repente começa uma obra, alguém pensa que tem de mudar tudo e, quando você vê, o patrimônio pode se perder ou ser levado para algum lugar que não tem nada a ver com sua função", disse o professor numa tarde em sua casa, na Granja Viana, em Cotia. "Já imaginou o desgosto se eu descubro mais tarde que os quadros que eu mesmo doei à USP foram cedidos a algum departamento absolutamente desconectado da Geografia, da Geologia? Melhor evitar."
Ecologia. Dedicado há décadas a investigar fenômenos ligados à ecologia urbana - Aziz produziu os mais completos trabalhos sobre a formação geológica da capital, abordando inclusive a possibilidade de abalos sísmicos -, ele é criador da mais aceita divisão climática do território nacional, levando em consideração relevo, hidrografia e vegetação. Em 70 anos de USP - entrou como estudante em 1940 e em 1956 obteve o doutorado -, publicou estudos e produziu documentos reveladores da formação do território brasileiro.
O esforço para proteger sua obra, conta o descendente de libaneses, serve para evitar que se repita o que aconteceu com os documentos originais do mais famoso trabalho sobre a capital - o livro Geomorfologia do Sítio Urbano de São Paulo, completo estudo de formação do relevo paulistano, terra que o geógrafo, nascido em São Luís do Paraitinga, adotou aos 16 anos, trazendo toda a família consigo. "Em algum momento, todos os 500 negativos dessa obra, minha tese de doutorado, foram perdidos. Muitas fotografias nunca mais poderão ser reproduzidas", lamenta. "É esse tipo de coisa que quero evitar que se repita."
"Caboclos" paulistanos. Numa tarde de primavera de 1942, o estudante de nome "engraçado" do curso de História e Geografia da USP produzia um trabalho de campo para a faculdade quando se deparou com um rapaz cavando uma vala funda, quatro a cinco metros de profundidade, na várzea do Rio Pinheiros. Geógrafo de formação humanista, daqueles que param para conversar com os habitantes dos locais estudados, Aziz chamou o rapaz. ""Ô caboclo, sobe aqui", falei, e o rapaz veio à tona. Olhei para dentro do buraco e foi então que percebi a massa de areia fantástica que há nas margens dos Rios Pinheiros e Tietê. Vi de verdade o solo da cidade."
Aziz lembraria daquele momento 65 anos mais tarde, enquanto cortava o cabelo no barbeiro de sempre, na Avenida Vital Brasil, no Butantã, zona oeste da capital. "Vi na TV a cratera do metrô e lembrei imediatamente daquele caboclo. Logo depois, escrevi um artigo sobre a importância de estudar esse tipo de solo mais frágil profundamente, antes de grandes obras como aquela", disse. "Algo que obviamente não aconteceu."
Geografia de casa. Além de salvar a obra que doou a instituições públicas, Aziz se vê às voltas com preocupações de ordem mais privada - ele pensa na biblioteca de casa, 20 mil volumes armazenados numa sala de 30 metros quadrados, localizada na área mais baixa do acidentado terreno da Granja Viana onde vive com a família desde 1972. Sem perder tempo, logo se justifica. "Não foi o melhor dos projetos, esses três terraços no meio do morro. É solo vermelho, na época não me ocorreu que poderia dar problema", disse.
Aziz procura formas de restaurar seus livros. "Boa parte, já adianto, vamos doar à Brasiliana. Mas para muitas obras, tenho certeza, não haverá interesse, será repetitivo, então estou estudando o que fazer."
Por enquanto, restou-lhe procurar soluções pontuais: acaba de terminar reforma. Mesmo após um mês de obras, manteve intacta característica que demonstra o zelo do geógrafo. Circundando todo o imóvel, há árvores típicas da mata atlântica, que preservam umidade e luminosidade naturais e dão sustentação ao solo - todas plantadas pelo professor Aziz. "Era lição conhecida. Uma preservação que não poderia deixar de fazer."
- Vitor Hugo Hugo Brandalise - O Estado de S.Paulo

sábado, 1 de maio de 2010

A ameaça de criação de mais Estados artificiais


Editorial Valor Econômico

    30/04/2010


O Senado já aprovou e a Câmara analisa em regime de urgência a convocação de plebiscitos para que os habitantes do Pará decidam se querem ou não a criação de dois novos Estados, os de Tapajós e Carajás. Esses projetos têm vida própria, geralmente clandestina, e se multiplicam silenciosamente. Se o Congresso aprová-los, estará dado o sinal verde para a constituição de mais 14 Estados, cujas propostas passeiam pelas mãos dos parlamentares há dez anos, como informou o Valor (27 de abril).

O Brasil raramente viveu movimentos separatistas com amplo apoio popular e a maior parte deles ocorreu na Regência e no Segundo Império, com revoltas esparsas no início da República. Os movimentos atuais pela criação de novos Estados, porém, nada tem a ver com as reivindicações dos cidadãos e se orientam pela mesma aparente arbitrariedade com que, na colonização do país, foram desenhadas as capitanias hereditárias. Na verdade, são pressões das elites locais de regiões emergentes no mapa da riqueza nacional, que agora não querem mais carregar a responsabilidade contributiva de sustentar municípios pobres e atrasados.

Embora as propostas por mais Estados brotem rapidamente, elas também nada têm a ver com a discussão perene, da monarquia até agora, entre centralização e descentralização. Uma das provas é que os antigos territórios, que se tornaram Estados, dependem até hoje para se sustentar das transferências governamentais em grau muito elevado. A participação de recursos da União sobre a receitas totais destas unidades da Federação chega a 85,1% no caso do Amapá, a 68,8% no Acre e 67,6% em Roraima. O Estado de Tocantins, criado em 27 de julho de 1988, não vai melhor neste quesito e dois terços de seus recursos (66,9%) são provenientes da União.

Um estudo realizado por Rogério Boueri, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) avaliou gastos estimados em porcentagem do Produto Interno estadual para 16 candidatos a unidades da Federação e os números apresentados reprovam todos eles. Os gastos públicos per capita destes Estados estão sensivelmente acima da média nacional.

No caso de Tapajós e Carajás, os primeiros da fila para apreciação do Congresso, a mesma distorção se mantém. O Pará, do qual seriam autorizados a se separar, caso um plebiscito assim aprovasse, tem R$ 817 de despesas públicas por habitante. Tapajós teria o dobro (R$ 1.730) e Carajás, quase o triplo (R$ 2.036). Eles consumiriam R$ 3,3 bilhões, mais da metade de toda a despesa atual paraense, de R$ 5,7 bilhões, para uma população de 1,7 milhão, apenas um quarto dos habitantes atuais do Estado do Pará.

Se não há dúvidas sobre o fato de que o povo dos novos Estados seria tão relegado quanto o que vive dentro das atuais fronteiras, resta saber os motivos para tantas demandas sobre os cofres públicos. Carajás, por exemplo, é uma província mineral gigantesca, explorada pela Vale, e nos municípios a seu redor está grande parte do rebanho bovino do Pará, enquanto Tapajós tem abundantes reservas florestais. As elites regionais, que fazem as leis, escritas ou não, da região, querem deixar de pagar tributos em proveito do governo de Belém e usufruir como lhes aprouver deste dinheiro. O mesmo raciocínio vale para quase todas as outras propostas de novos entes estaduais, como a Gurgueia, no sul do Piauí, que prospera com a mineração e a produção de grãos do Cerrado, e Maranhão do Sul, outro celeiro de grãos.

Em menor escala, as tentativas são tão numerosas e igualmente fadadas ao fracasso de seus sucedâneos municipais. Em duas décadas foram criados mais de 1.500 municípios e o resultado é que a a esmagadora maioria deles vive de transferências. Nessa proliferação, cresce descontroladamente a "infraestrutura" política necessária para sustentar esses entes artificiais. Com o tempo, uma nova legião de deputados e servidores públicos virá a ter um peso desproporcional em uma receita insuficiente, desde o início para manter um Estado de pé.

Tocantins, com 21 anos de existência, é a meca do emprego público, que hoje soma metade dos empregos formais do Estado. Se as propostas por mais Estados passarem no Congresso, esse exemplo se multiplicará, e em breve não haverá nem dinheiro público que baste nem espaço suficiente para tantas estrelas na bandeira nacional.